Seria assim:
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Bebi um batido de banana com yogurte, pego em 3 barritas Pingo-Doce, uma banana, dois bidões de água e lá vou eu.
Quando acordei estava um pouco indisposto, mas não era mais que um ligeiro incómodo, que relevei sem hesitação.
Lanço-me à estrada e sinto-me bem, cheio de energia. sigo na direcção de Carregosa, onde fiz uma rápida paragem para afinar os cleats e siga para a Freita.
Saida de SJM |
Subida para Chão de Ave |
A subida para Chão de Ave decorreu sem novidades. A esta hora o trânsito não era muito.
Inicio da subida para a Freita.
Cruzamento com um ciclista que já vinha a descer da Freita... Hoje cruzei-me várias vezes com ciclistas, solitários e em grupos.
Aqui começa o final da subida à Freita. Para mim é a parte mais dura.
Enfrentei a subida com tranquilidade. A meio desta recta encontrei um companheiro com um equipamento idêntico ao meu, embora na versão "pro", que me dirigiu umas palavras de incentivo. A ele os meus agradecimentos.
Um pouco antes do final comecei a sentir-me um pouco enjoado, com as pulsações a subirem acima do recomendável. Estava a sentir na boca o batido que bebi de manhã. Acho que não deve ser o alimento ideal quando se vai fazer em menos de uma hora tanto esforço. Achei melhor parar e aproveitar para tirar umas fotos. Calhou bem porque recebi nesse mesmo instante um telefonema da minha filha.
Após uns minutos de repouso tentei voltar à estrada, mas a má disposição não passava e estava a ficar aborrecido, para além de cansado. Como a subida é íngreme, apesar de não parecer, encaixo um sapato e o outro escorrega. Dou mais uma pedalada, mas enquanto vai e não vai, cai, não cai... pumba no chão.
O dia começava a correr mal...
Andei uns metros com a bicicleta à mão, atravessei-a na estrada e lá tentei montar novamente. Desta vez consegui.
Mesmo curta, a subida até final foi feita com dificuldade. Continuava mal disposto. E o calor que se fazia sentir, em pleno meio-dia também não ajudava nada. Quando finalmente atingi o plano sentia-me cansado e sonolento. Achei que um repouso à fresca iria saber bem. Pensei em desviar-me um pouco da estrada principal e procurar refugio na Sra. da Lage. meti pelo caminho em pavê, mas ao fim de poucos metros vi que um grupo de bttistas estava a ocupar o lugar. Dei a volta e continuei para o parque de campismo.
Quando cheguei ao parque havia muita animação no local. Eram escuteiros a montar tendas, pessoal a cozinhar na parte de cima da estrada e até havia umas fitas vermelha no cruzamento, a delimitar o bico de monte entre as duas estradas, com os dizeres: " Zona perigosa". Achei estranho porque não havia nada de perigoso, mas já nada me espanta.
Como não encontrei ali local aprazível e sossegado para repousar, continuei mais uma vez viagem. Acabei por parar a seguir a outro local de churrascadas e tainas.
No local passava um pequeno regato, onde aproveitei para retirar o salitre da minha pele e refrescar-me abundantemente.
Aproveitei para atacar uma banana e numa barrita, que foi o meu almoço, pois já eram cerca de 13 horas.
Estive parado uma meia hora, e só não dormi a sesta porque não tinha manta. Mas seria uma delícia.
Nesta altura já não me sentia tão indisposto e meti pernas ao caminho. Na verdade, sempre que apanhava um subida mas íngreme e tinha de fazer força no abdómen, lá vinha o mau estar no estômago. Isto foi uma constante ao longo do passeio, pelo que nem vale a pena voltar a mencionar. Vamos é falar de coisas bonitas, uma alegria para os nossos olhos.
A partir deste ponto tudo é novidade para mim.
Estranhei tanta afluência à Freita, num sábado. É fitas por todo o lado, motos de cross, jipes, piqueniques, etc...
Continuei para Candal...
Ao fundo vê-se o mesmo marco que vi quando passei na Mizarela (noutro passeio)
As imagens falam por si... estava deslumbrado com tanta beleza
Agora começa a descer... e por experiência, quando desce muito... sobe muito. Além disso estava pasmado com tanto trânsito e pessoal espalhado pela encosta. Parecia a Serra da Estrela, na volta a Portugal em bicicleta.
Não parece, mas a descida não é brincadeira.
E agora, para que lado fica Candal?
Um GNR no meio do nada? Ele não sabia para onde ficava Candal, mas sabia qual o motivo de tanta animação.
Virei à direita, que era a direcção que mais se assemelhava ao mapa que tinha feito.
Eis o que encontrei:
Acho que foi Deus quem me guiou. Aqui está a freguesia de Candal. E com ela descobri também um percurso para chegar a S. Macário...
Ainda hesitei, mas valeu o bom-senso. Enquanto tirava estas fotos chega um tractorista e uma máquina com báscula para encher a carroça do tractor.
Decidi perguntar ao tractorista qual o melhor caminho para chegar a Mizarela, por Salgueiro. Ele disse-me que tinha de voltar atrás e virar à esquerda na próxima estrada. Eu tinha passado por ela, e vi a placa, mas tinha aspecto um pouco degradado e era a subir...
Lá recebi as instruções e o homem foi-se embora, já com a carroça cheia. Entretanto questionei o jovem que tripulava a outra máquina, que me disse que a estrada estava em muito mau estado, mesmo para uma bicicleta... E que subia imenso. (!)...
Comecei a pensar em alternativas. E perguntei se podia ir para Arouca seguindo a placa que se vê na foto.
-Ele disse-me que por aí não ía longe. Só dava para um cafe, e esse era o único interesse de quem quisesse ir para lá. O melhor era voltar atrás que depois era sempre a descer até Arouca! Isto foi música para os meus ouvidos.
Decidi então voltar atrás, passando pelo local onde vi o GNR e seguindo em frente.
Parecia fácil!
Parecia... Apanhei logo com uma subida que me levou quase às 190 ppm. A sorte foi que era curta (uns 50 m) senão não chega ao topo. E também não podia dar parte fraca, porque o jovem ainda estava lá no fundo e via-me...
Regressei então pelo mesmo caminho e descubro o motivo de tanta animação:
Estava a decorrer uma prova de rally na Freita. Aqui era um local de controlo.
Aproveitei para descansar e ver as máquinas...
Boas máquinas, diga-se...
Estive parado cerca de 45m a 1h. Por muito que custasse, tinha de continuar viagem. Ainda deu para rir um pouco, quando eu virei para baixo só para encaixar os pedais, e o GNR julgava que ía virar para outra estrada e estava a dizer-me que não podia ir por lá. Eu disse-lhe que não era por essa que queria ir e o pessoal na brincadeira a dizer que eu só queria ganhar lanço. :)
Meto pela subida acima, rumo a Arouca.
A partir deste ponto foi descer, descer... Ahhhhh, desceeerrrrr, hummmm, que bom... descer até Arouca.
Mas não tenho palavras para descrever tanta beleza. Fiquei embriagado, bêbado, drogado. Agarrem-me!... Só digo que é um espectáculo divinal dado pela natureza. Aqui não há silicone.
Em Rossas (saída de Arouca) paro numa pastelaria conhecida para beber um sumo e comer uma nata, enquanto a minha bike namora uma casal boss...
Estava ainda longe de casa... Esta foto abaixo mostra uma das minhas melhores compras. Estas luvas "Berg" com gel. Por 12 euros é qualquer coisa fenomenal.
Depois da curta paragem, meto novamente rodas à estrada. Nesta altura tinha os bidões vazios, mas tinha a ideia que havia fontanários pelo caminho, cheios de água fresquinha...
O tanas é que havia. Eu cheio de sede, com imenso calor e nem uma reles fonte... A solução foi colher água de uma das várias cascatas improvisadas que encontrei pelo caminho.
Aqui já me sentia perto de casa. Tinha passado Chão de Ave e descia (e subia) para Carregosa... cada vez mais perto de casa. Ufff, ufff, uuuffff...
Estava a chegar a S. João, entretido na monotonia de rolar a uns 30 km/h quando sai da minha roda um ciclista que nem se deu ao trabalho de cumprimentar... E ainda por cima deve morar para os meus lados porque não o perdi de vista até ao topo da Av.do Brasil, muito próximo da minha casa...
Mais um bom conjunto, que eu reconheço valor: sapatos mavic e meias do lidl com microfibras, para desporto, mas sem serem específicas para ciclismo. Boas e baratas.
E assim foi esta minha aventura. No final senti-me como se tivesse feito algo de heróico. Não foi fácil. Sofri e tive prazer ao mesmo tempo. Não sei se tinha coragem de entrar noutra igual, sabendo o que me esperava. Mas assim, às escuras, é fé em Deus e vamos para a frente.
Dados da volta:
Saí às 10h e regressei às 18h. A pedalar foram 5h21m, 92 Km, com uma média de 17 Km/h.
É assim mesmo amigo João Pedro, sair para onde se quer, sem médias, sem horários, só nós e a nossa vontade, não há nada que pague este sentimento de liberdade sem alguém a dizer que ainda é cedo para parar, ou que a média é alta ou baixa!
ResponderEliminarForça e parabéns pela coragem.
Um abraço
Jorge Medeiros-Seia
Obrigado amigo Jorge. De facto é assim que vejo o ciclismo que pratico, pois de outra maneira tornava-se uma obrigação. Dá-me imenso prazer fazer estas viagens. Estou também bastante satisfeito com os resultados obtidos, em termos de resistência. Devagarinho estou a progredir o suficiente para voltas deste género, em percursos mais exigentes. Um abraço e boa viagem até Lisboa.
EliminarJoao Pedro